terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Bioestratigrafia

Os materiais presentes numa secção estratigráfica podem dividir-se em unidades estratigráficas de acordo com a sua litologia e com o conteúdo fossilífero, delimitando-se assim as unidades litoestratigráficas e as unidades bioestratigráficas.

É mais limitativa a análise dos fósseis do que a análise litoestratigráfica pois que em qualquer material existem sempre rochas que o compõem e, por isso, pode-se ordenar e classificar sob o ponto de vista litoestratigráfico. Em contrapartida nem sempre há fósseis presentes nas rochas e quando estão presentes nem sempre poderão ser interessantes em termos da sua datação.

Fósseis das rochas estratificadas – Informação sobre a idade relativa (bioestratigrafia) e sobre o ambiente de sedimentação (paleoecologia); interessam só os restos de organismos depositados nas rochas estratificadas; nem os mais antigos nem os mais modernos que a rocha interessam.

A utilização dos fósseis para informar sobre o meio sedimentar baseia-se no conhecimento dos factores ecológicos que regem a distribuição dos organismos na actualidade e a dedução do valor paleoecológico dos organismos de tempos passados.


Bioestratigrafia 

Ciência intermédia entre a Estratigrafia e a Paleontologia; ocupa-se da distribuição dos fósseis no registo estratigráfico e da subdivisão dos materiais estratificados em unidades bioestratigráficas.

A utilização dos fósseis para determinar a idade tem a ver com o facto de que os organismos que povoam a superfície Terrestre através do tempo mudam de maneira permanente. O Tempo Geológico pode ser dividido em intervalos sucessivos caracterizados pela presença de uns organismos concretos, os quais de acordo com a Teoria da Evolução, viveram num tempo concreto e não reapareceram já que a evolução orgânica é um processo progressivo e irreversível.


Fósseis Característicos

São os fósseis que podem ser utilizados para delimitar intervalos de Tempo Geológico relativamente curtos.

Um fóssil característico ideal deveria cumprir as seguintes condições:
  1. Que se trate de espécies de evolução relativamente rápida; serão aqueles cuja duração seja inferior ao valor médio do grupo taxonómico a que pertencem. 
  2. Que tenha uma distribuição geográfica muito ampla, se possível ocupando toda a superfície do globo. 
  3. Que seja relativamente abundante, como por exemplos os microfósseis e nanofósseis marinhos.

Os melhores fósseis característicos do Paleozóico inferior são as Trilobites e Graptolites dos meios marinhos. No Paleozóico superior são os Braquiópodos

Amnonoideos, Conodontos e Foraminíferos nas rochas sedimentares formados em meios marinhos e as plantas superiores em materiais continentais do Carbonífero e do Pérmico.
  
Bibliografia consultada a 3 de Janeiro de 2011:

"Estratigrafia" - Principios y Métodos ; Juan Antonio Vera Torres ; 1994




terça-feira, 23 de novembro de 2010


Princípio da Continuidade Lateral e Lei de Walther


O Princípio da Continuidade Lateral, emitido por Nicolaus Steno, determina que aquando da deposição horizontal e paralela dos estratos em relação à superfície de deposição, estes estão limitados por planos que mostram a sua continuidade lateral, ou seja, em cada estrato existem mudanças bruscas ou graduais entre litologias. É possível estabelecer correlações entre sequências sedimentares de locais distintos, mesmo quando afastadas vários quilómetros. Esta teoria apresenta-se incompleta visto que os estratos se dispõem paralelamente à superfície de depósito mas não necessariamente horizontais. A aplicação deste princípio levou à designação “actual” de linhas isócronas às superfícies de estratificação.


 A Lei de Walther admite que, num ambiente sedimentar, num determinado momento, as litologias distribuem-se superficialmente com uma certa ordem ou polaridade regulada pelas condições genéticas existentes. Por outro lado demonstrou-se que a posição de cada uma das fácies ia sendo alterada ao longo do tempo devido a modificações do ambiente (como por exemplo devido às mudanças do nível das águas no mar, como explica Dawn Sumner da Universidade da Califórnia) o que provocou que fácies adjacentes pudessem sobrepor-se. 

Segundo esta lei, quando há transformações oblíquas[1], as fácies apresentam-se ordenadas simultaneamente no sentido lateral (formando associações de fácies) e vertical (formando sequências de fácies). A relação tridimensional da fácies é a associação da fácies e a expressão vertical da mesma é a sua sequência. 

Aplicando a lei à relação tridimensional da fácies, verificou-se que os limites entre as diferentes fácies mudam em relação à precedente e assim produziram-se mudanças oblíquas da fácies dos diferentes tipos. Cada sequência da fácies é o reflexo da mudança das condições que regem a sedimentação num determinado intervalo de tempo.

Ora para que os limites entre os litotopos sejam graduais e permaneçam na mesma posição, é necessário que haja o mesmo volume de sedimentos e de acomodação, assim haveria uma sequência estacionária (distribuição homogénea da fácies). Porém, o que normalmente acontece na natureza é haver uma sequência granocrescente ou negativa (o volume de detritos é maior do que a acomodação), ou uma sequência granodecrescente ou positiva (o volume de detritos é menor do que a acomodação). Deste modo Lombard contribuiu para este estudo com a sua análise sequencial.

Com o acima exposto pode-se concluir que Walther contribuiu para melhorar a teoria de Steno do “Princípio da Continuidade Lateral” no que respeita as suas insuficiências.


[1] Mudança oblíqua de fácies: Caracteriza-se pela simultaneidade dos processos de mudança vertical e lateral de uma litologia para outra o que da origem a um limite oblíquo que corta as superfícies isócronas. A diferença para as outras duas é que as mudanças oblíquas dão-se a pequena escala e em afloramentos concretos, sendo preciso uma pormenorizada observação das suas relações geométricas em superfícies com boas condições de observação que mostrem a distribuição da litologia e das superfícies de estratificação numa grande área.

Mudança lateral de fácies: Pode ser brusca de maneira que, a partir de um certo momento possam existir litologias totalmente distintas ou pode ser gradual e nesse caso verifica-se uma mudança progressiva de tipos de litofácies. As mudanças bruscas na litologia estão associadas aos limites entre dois ambientes sedimentares desiguais enquanto que as mudanças graduais ocorrem devido a pequenas alterações nas condições de sedimentação.



Bibliografia:

  • VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios y metodos. Ed. Rueda, 806p

  • João Pais, UNL

terça-feira, 19 de outubro de 2010



Geocronologia  [geo=Terra; chronos=tempo; logus=estudo]

Consiste no estudo do tempo geológico, através da datação absoluta e relativa dos diversos eventos geológicos como a deposição de sedimentos, a formação de depósitos minerais ou a cristalização dos mesmos.

As modernas técnicas de Geocronologia tornaram-se ferramentas indispensáveis para a cartografia geológica, sendo utilizada sistematicamente há várias décadas por geólogos em todo o mundo.

O método U-Pb é hoje a mais poderosa ferramenta Geocronológica. E o zircão, devido à sua ampla distribuição na maior parte das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas, e às suas características isotópicas, constitui-se no principal e por vezes único acesso à história mais remota da crosta terrestre. A alta temperatura de bloqueio (~8000C), aliada à propriedade de preservação do sistema isotópico U-Th-Pb permite a discriminação dos eventos mais antigos dos mais novos, sempre que o evento mais novo alcançou equilíbrio, mesmo em estágios avançados de fusão parcial ou de metamorfismo de alta pressão e temperatura. Devido a este facto,"um zircão é para sempre", semelhante à frase imputada ao diamante “diamonds are forever”.


Bibliografia:

Serviço Geológico do Brasil:


(pesquisa feita dia 18 de Outubro de 2010)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010



Os Estratígrafos - Dedicam-se especialmente ao estudo das sucessões de estratos depositadas nos ambientes existentes na Terra através de sondagens ou por métodos indirectos; existem Estratígrafos que estudam sequências estratigráficas noutros planetas (como por exemplo Marte) reveladas em imagens transmitidas por satélites.


A estratificação consiste na disposição característica das rochas sedimentares, em camadas ou estratos[1] sobrepostos.

[1]Camadas ou Estratos: corpos rochosos caracterizados por certas propriedades que os distinguem dos corpos adjacentes. A separação entre camadas vizinhas pode ser brusca e bem visível ou pode ser gradual (verificando-se a mudança de certas propriedades como a litologia, composição físico-química, conteúdo fossilífero). Podem ter apenas alguns centímetros ou vários metros de espessura.


Estratificação Cruzada(1)


 
Estratificação Cruzada (2)


Descontinuidades Sedimentares

Podem ser descontinuidades Estratigráficas[1], descontinuidades Sedimentares[2] e descontinuidades Diastróficas[3]:

[1]
Quando duas unidades são separadas por um intervalo de tempo considerável diz-se que há descontinuidade estratigráfica. Esta lacuna pode estender-se por alguns metros ou por muitos quilómetros.

[2]
Descontinuidades entre duas lâminas correspondentes a marés sucessivas. Correspondem a um intervalo de tempo muito curto. A extensão é métrica a decamétrica. Podem corresponder a simples ausência de deposição (descontinuidade passiva) ou a destruição parcial ou total da lâmina anterior (descontinuidade erosiva).

[3]
Quando ocorre a junção de uma deformação tectónica com a ausência de determinada unidade litológica.


 Bibliografia:


(referências visualizadas a 14 de Outubro de 2010)

  • http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0103-99892006000400006&script=sci_arttext

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Princípios Fundamentais da Estratigrafia


Princípio do Actualismo as leis que superintendem os fenómenos geológicos actuais são válidas quando aplicadas aos fenómenos que ocorreram no passado.
O princípio das causas actuais, defendido por J. Hutton e Charles Lyell no fim dos séculos XVIII e XIX, é um dos princípios em que assenta a teoria do Uniformitarismo, contrária à teoria do Catastrofismo. Embora seja um princípio aceite, alguns dos seus aspectos continuam por demonstrar.


Princípio da Sobreposição – numa sequência de estratos não deformada, um estrato mais recente sobrepõe-se a um mais antigo e assim sucessivamente. O que vai implicar encontrarem-se os estratos mais antigos no fundo e os mais recentes no topo da sequência estratigráfica.




Princípio da Continuidade Lateral – é a correlação entre estratos ou camadas distanciados lateralmente em diferentes locais na Terra. Iguais sequências de estratos têm a mesma idade.



Princípio da Idade Paleontológica nos estratos, os grupos de fósseis surgem numa ordem definida, podendo reconhecer-se um determinado período de tempo geológico pelas características dos fósseis. Às camadas que possuem o mesmo conjunto de fósseis de idade pode ser atribuída a mesma idade.



Princípio da Intersecção – qualquer estrutura que seja intersectada por outra (seja esta uma falha, uma intrusão magmática ou simples fracturas), a que intersecta é sempre mais recente.

Princípio da Inclusão – o estrato que apresenta a inclusão é mais recente que os fragmentos do estrato incluído.








Bibliografia: